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MMnotes

Uns escritos

Violência doméstica?! Hoje?! Nesta sociedade?!

por Marco, em 18.02.19

Confesso que este é, sem dúvida, o artigo que mais nojo me dá, escrever enquanto blogger e cidadão. Não posso, nem nunca compactuarei com visões como aquela escrita num acórdão judicial de um Tribunal Superior, onde de uma forma leviana se levantam questões completamente desajustadas face à violência de atos cometidos contra a vítima, mulher. Questões que foram enquadradas com referências à bíblia e ao antigo código Penal. Questões que por serem demasiado anormais face à sociedade que temos aos dias de hoje, não servem para publicação neste artigo.

 

Se já aqui, parece estranho o facto de um órgão de soberania, diminuir o relevante papel da mulher na sociedade, tentando colocar a mesma perante uma figura que se pressupõe ser a autoridade suprema, não mais estranho é, continuarem a ser colocados em liberdade (ou como quiserem, em Termo de Identidade e Residência), suspeitos da prática de crimes de violência doméstica e outros similares no contexto da agressão pura e gratuita.

 

Assim, 2019, já vai em 11 mulheres, barbaramente, assassinadas. Segundo o DN, de hoje, dia 18 de fevereiro de 2019:

  • 5 de janeiro — Lúcia Rodrigues, de 48 anos, é morta a tiro pelo marido, na sua casa, em Lagoa, no Algarve. O homicida suicidou-se.
  • 7 de janeiro — Uma mulher de 46 anos foi espancada até à morte pelo cunhado, na ilha Terceira, Açores. Em causa uma disputa sobre uma casa que pertencia à mãe do homicida.
  • 11 de janeiro — Duas irmãs, de 80 e 83 anos, foram mortas a tiro, em Alandroal (Évora). Foram assassinadas na sua própria casa. O autor dos crimes — o marido de uma das mulheres, tentou suicidar-se. Encontrado com vida, acabou por morrer no hospital.
  • 11 de janeiro — Vera Silva foi morta em casa, em Almada. Foi espancada pelo ex-companheiro e o seu corpo ficou quase irreconhecível,
  • 17 de janeiro — Fernanda, de 71 anos, foi morta a tiro de caçadeira pelo marido. O homicídio aconteceu na casa do casal, onde viviam há 40 anos.
  • 27 de janeiro — Uma mulher de 48 anos foi espancada e degolada e depois abandonada na sua habitação. O crime aconteceu em Santarém.
  • 31 de janeiro — Uma mulher de 25 anos foi morta à facada pelo namorado, bombeiro de profissão. Foi em Moimenta da Beira. Quem encontrou o corpo foi o filho da vítima, uma criança de apenas cinco anos.
  • 4 de fevereiro — Helena Cabrita, de 60 anos, foi morta pelo ex-genro, Pedro Henriques, na sua casa. Foi esfaqueada. No mesmo dia, o homicida matou a filha, de dois anos, por asfixia, na via pública. O assassino cometeu suicídio.
  • 17 de fevereiro — Uma mulher de 53 anos, da Chamusca (Santarém) foi morta com dois tiros de caçadeira pelo ex-companheiro, de 62 anos. O crime aconteceu na Golegã. O suspeito disparou ainda sobre um homem que acompanhava a mulher naquele momento.

 

Urge fazer algo! E não vamos lá com meias-palavras, como de resto, todos fazem. Costuma-se dizer que Portugal tem leis para tudo, no entanto, continuamos impávidos e serenos com crueldades como esta de hoje, como as de "ontem", como aquelas que amanhã serão realidade.

 

Hoje, iremos dormir na nossa cama, algo que a Ana, a Helena, a Vera, a Lúcia, e tantas mais já não o vão fazer.

Por Marco Maia, 18/02/2019

 

 

O mesmo de sempre!

por Marco, em 19.06.17

O mesmo de sempre.

A mesma floresta ardida.

Os mesmos discursos.

O mesmo show-off televisivo.

Sempre o mesmo...

 

Há, sem dúvida, algo a fazer! Será que o dispositivo de proteção civil é suficiente? Será que as Câmaras estão a fazer o seu trabalho? Será que a população devia fazer mais na defesa dos seus bens e da sua própria vida?

 

Tantos “ses” para um flagelo nacional, muito importante para ser esquecido quando chega o fim do Verão.

 

Ano após ano, há um ciclo de repetição sem fim. Chega o fim do Verão e a preocupação é o regresso às aulas, depois é o São Martinho, logo depois seguido pela época de falsas esperanças (sim, o Natal, onde há cada vez mais pessoas que tem tão pouco), depois temos o ano novo e as suas respetivas ignóbeis resoluções, depois temos o frio e chuva que tarda em passar, depois o Carnaval, depois a Páscoa, depois os primeiros raios de sol e as idas à praia. Sim, e no fim, os incêndios! Sim, passa-se um ano quase inteiro a pensar em tudo menos na prevenção dos incêndios, nas necessidades dos bombeiros (que são mais que muitas). Sim, os bombeiros. Aqueles homens de vermelho, que fazem o que podem, na nossa defesa e segurança. Sim, a segurança que pomos em risco quando de forma negligente​ não limpamos as faixas de combustível fino à volta das nossas casas.

 

Apontamos os dedos, aos bombeiros, à proteção civil, quanto à inexistência do apoio de meios aéreos. Para quê? Temos conhecimento técnico suficiente, para que de forma totalmente irresponsável dizer, que faltam meios aéreos no combate às chamas, quando são os próprios pilotos que afirmam que em certos momentos é totalmente impraticável o combate direto por parte de helicópteros ou aviões devido a tetos de fumo e outras condicionantes.

 

Depois temos na classe jornalística portuguesa, exemplos do deplorável show-off televisivo, que, numa estratégia de pânico generalizado, partem para acusações, notícias falaciosas, peças jornalísticas que envergonham qualquer um de nós. Já era tempo de rever essas linhas editoriais. Não vale tudo!

 

Fala-se, por estes dias da Força Áerea, que devia combater, com os meios que não tem (sim, os C-130, não estão capazes para responder a esse desafio), os incêndios florestais. Mas isso resolve o problema que temos, que é a nossa desorganizada floresta?

Sim, a nossa gestão florestal deixa algo a desejar! Nas estradas não temos faixas de segurança e temos arvores à beira da estrada, não temos aceiros suficientes (aqueles caminhos por dentro da floresta), não temos vigilância estruturada e capaz em todo o território nacional, já não temos guardas florestais,… Não temos nada e no entanto continuamos a apontar o dedo! Somos ótimos a fazer isso!

 

Nem mesmo o mais capaz dispositivo, leia-se milhares de bombeiros voluntários pagos a menos de 2€ à hora, é capaz de reagir a mais de 150 ocorrências em todo o país. É humanamente impossível!

 

Pede-se a demissão, a cabeça, deste e daquele responsável, só porque temos que encontrar a quem apontar o dedo, quando na verdade, os culpados disto somos todos nós, sem exceção.

 

Há tanto mais a dizer! Para o ano, novamente: O MESMO DE SEMPRE!

 

Triste povo este!

 

Por Marco Maia, 19/06/2017