Teria que ser assim?
por Marco, em 21.07.20
Umas horas passam desde a "aprovação" do Next Generation EU - um plano que tem muito de ambicioso quanto de delirante.
Porquê? Prioridades, digo.
Começo pelo célebre: “Não dá para agradar a gregos e troianos”. De facto até dá, veja-se que todos saem muito contentes da Cimeira que quase destronou Nice. Mas eu e muitos, não estamos. Concederam-se milhares de milhões em “rebates”, não estou a referir-me aos ditos frugais, mas sim em áreas que diziam (todos) ser estratégicas e nucleares para a União.
Horizon, InvestEU, Just Transition Fund, Rural Development e até mesmo o RescEU ficaram com os seus programas em desconto, a preço de saldo. Então o Health EU? Onde está? Pois, não está, eclipsou-se, ficou como mero apontamento, de duas linhas, nas 66 páginas que “fazem” o Programa Europeu. No momento em que mais se fala de saúde, proteção à mesma, investimento, zelo e dedicação dos profissionais de saúde, onde para a ambição da União na saúde dos seus cidadãos europeus?
Vamos ao RescEU ? Então vamos. Quando nem há muito tempo se questionava a solidariedade europeia para o envio de ajuda de emergência a Estados-membros, devido a crises sanitárias com o COVID-19, ou o que conhecemos tão bem, todos os verões, os incêndios florestais, eis que até o envolope financeiro adstrito a essa rubrica leva um corte de 100 milhões. Uns dizem que é residual, mas eu digo que não é. Um programa que ainda está coxo, com uma série de dificuldades para utrapassar, inclusive a falta de meios aéreos, não pode ser bom pronuncio o corte feito. Para um Programa que cito: “criar reservas de equipamento estratégico para fazer face a emergências sanitárias, incêndios florestais, incidentes de natureza química, biológica, radiológica ou nuclear, ou outras emergências graves.”, tem de ter o melhor equipamento, as melhores pessoas, as melhores práticas. Para isso, é preciso investir.
Ficou esquecido, como tantas rubricas e dotações orçamentais, nesta cimeira, em que se discutiu tudo, inclusive o diz que disse, mas não se discutiu o futuro que queremos para esta União. Pelo caminho, ficámos a saber que a prestação de contas da atividade política nacional, sendo ou não referente ao destino das dotações que nos cabem, ficará mais díficil.